Translate

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Uma Riqueza Inexplorada na Pecuária



Obs.: Projeto Viável para preço do milho igual ou abaixo de R$ 30,00

Pecuária de Leite Brasileira - Uma industria do século 19 em transformação profunda e dolorosa.

O Brasil é um país curioso. Nossa industria láctea é uma das mais primitivas do mundo com lactação média ao redor de 1.500 lts de leite por vaca. Os EUA têm uma lactação de de 10 mil lts por vaca e a Índia de 1.200 lts por vaca. Nossa pecuária de leite desenvolveu-se lideradas por produtores extrativistas utilizando técnicas do Brasil Império que produzem o chamado leite verde, coletado de vacas tatu com cobra, cruzamento de racas europeias com o gado Zebuino ou BOVNI (Boi de Origem Vadia Não Identificada), criadas, pode-se dizer, exclusivamente a pasto. 

Ondas de modernidade criaram em Pindorama um arquipélago que eu chamo de Nova Zelíndia, uma mistura de Nova Zelândia com a Índia, formado por ilhas de produtores modernos empregando os mais modernos conceitos na produção leiteira em meio a um cenário desolador, cercados pela  pobreza cultural, tecnológica, de recursos e apoio de um governo jurássico e corrupto   que impede que os produtores tradicionais ou gigolôs de vaca ousem a mudar os seus conceitos.

Isto fez florescer uma imensa cadeia de pequenas cooperativas de leite que funcionam como empresas publicas, elegendo para presidente,  produtores de leite com a visão do século 19  para gerir um negócio de século 21.

Os presidentes, na verdade, se locupletam nos cargos,  com razoáveis salários e vantagens obscuras transformando as cooperativas em cabides de empregos para uma quantidade enorme de pessoas sem capacitação, pois se forem capacitados, podem derrubar o presidente. Então, tirando as devidas exceções, estas cooperativas não tem o menor futuro e serão engolidas pelas grandes multinacionais, que obviamente só se interessam pelos produtores de alta produção. Na verdade 500 mil produtores já abandonaram o negócio e muitas famílias foram para as cidades, para uma vida sofrida, pois sem qualificação não têm a menor chance de concorrer no altamente competitivo mercado de trabalho.

A única maneira seria as cooperativas se unirem formando uma grande cooperativa comandada por executivos com vasta experiencia no setor. Mas isto nem pensar, os presidentes usam até colar de alho e água benta  para se protegerem desta eventual ameaça modernista aos seus cobiçados carguinhos. E assim, one by one, os pequenos laticínios que se fartaram do dinheiro fácil na época do Lula Marolinha vão quebrando e levando consigo uma enorme quantidade de pequenos produtores a uma situação crítica pois, sem as pequenas cooperativas, as grandes multinacionais ditarão preço que quiserem para o leite e pior, coletarão o leite que lhes forem conveniente, mudando totalmente o perfil do produtor de leite, que terá que se profissionalizar. Mas isto não é suficiente. Não basta ter o domínio de novas tecnologias é preciso ter capital de giro e para investir. É preciso ser grande e produzir muito. 
Nos EUA, produtores com menos de 5 mil litros/dia  já não conseguem sobreviver.

Alem da produção é preciso estar posicionado geograficamente numa rota interessante para os laticínios. Quanto mais vizinhos grandes produtores melhor  o pequeno produtor tiver melhor para ele pois as industrias coletarão seu leitinho por uns tempos simplesmente por não adicionar custos de frete.

Com este novo cenário, 1 milhão pequenos produtores abandonarão a atividade num futuro próximo. 

O melhor negócio da Pecuária de Leite 

Hoje no Brasil, com neste cenário de terra arrasada que se encontra o país e que irá produzir mudanças dolorosas, é preciso encontrar meios de subsistir na pecuária de leite durante a fase de convergência para o novo modelo, após o fim da última pequena cooperativa de leite. Lembrando que, este fim pode ser uma fusão de várias pequenas cooperativas numa empresa moderna, grande e competitiva. Mas, dado os interesses pessoais e oligárquicos, como mencionei, é de se duvidar que isto aconteça. Mas a esperança é a ultima que morre e esta é outra história.

Hoje o Brasil produz cerca de 10 milhões de bezerros machos na pecuária de leite. Sua grande maioria é simplesmente eliminada. Isto mesmo senhores, assassinados no momento do nascimento para se evitar os custos na sua criação para um retorno inexistente no modelo tradicional de criação a pasto ou mesmo pelo modelo de altíssimo custo  usado no confinamento de  Pindorama (Pindorama foi o primeiro nome dado ao Brasil pelo índios que aqui habitavam. O nome mudou, o país mudou um pouco).

Os bezerros machos da pecuária leiteira, como explicado no artigo Produzindo Bezerros Precoces para Corte - Resultados poderiam adicionar ao mercado de carne nacional, 100 milhões de arrobas a cada 10 meses, a partir do uso desta técnica pelos produtores de leite. Na verdade, quem vai criá-los serão os produtores de corte, que vão adquiri-los a um preço justo dos produtores de leite, gerando-se assim, uma nova fonte de renda para o produtor de leite. 

Mas, até que os pecuaristas de corte, que em grande parte ainda também trabalham com conceitos do Brasil Império adotem esta nova realidade, o produtores de leite terão que fomentar este negócio, eles próprios engordando os bezerros de leite. 

Muitos se tornarão pecuaristas de corte e outros se especializarão na criação até a desmama, quando irão revenderem os bezerros aos confinadores. Mas isto levará um bom tempo.

Ecologistas: a produção do bezerro precoce salvará a Amazônia do desmatamento

O confinamento de bovinos tomou lugar da pecuária extensiva nos EUA lá pelos idos de 1850. No Brasil, esta novidade ainda não é uma realidade pelo custo tradicionalmente barato das terras no passado e pelas incontáveis heranças de pequenas capitanias hereditárias espalhadas pelo Brasil. Mas isto está no fim e as terras estão cada vez mais valiosas, devido a pressão da agricultura. 

Com isto, as multinacionais e grandes  produtores, invadiram a Amazônia a partir da década de 70 para estabelecer novas áreas  para a produção de carne seguidas depois pelos agricultores. 

A produção dos novilhos precoces utilizando os bezerros machos da pecuária de leite reduzirá drasticamente esta pressão e produzirá menor emissão de gás metano. Os EUA com a metade do rebanho de Pindorama, produzem mais carne  porque eles aproveitam os bezerros de leite, tem mais produtividade devido aos incentivos governamentais e um mercado consumidor poderoso e alta competitividade exportadora devido a qualidade da carne americana.

Nosso gadinho a pasto é musculoso e quando criado de maneira tradicional do Brasil Império, vai para o abate dos 3 aos 5 anos, gerando uma carne dura, de pouco valor no mercado internacional. Claro, temos produtores modernos que produzem carne de alta qualidade mas a norma é o gadinho nelore, musculoso como Schwarzenegger, e duro de matar como Bruce Willis.