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sexta-feira, 19 de julho de 2019

Por que os preços do leite caem - Mercado

Existe um motivo principal e vários secundários. O primeiro deles são as regras de mercado que dizem que havendo excesso do produto no mercado, seja por alta produção ou baixo consumo -o que acontece  numa economia em crise - os preços automaticamente caem e não há nada que possa ser feito para impedir isto.

Um fator determinante que se sobrepõe às leis do  mercado é o comportamento da indústria do leite no tempo. Conforme 
veremos no gráfico a seguir, a produção de leite é sempre crescente no mundo e se a produção cresce, os preços sempre irão cair. 
Portanto, o comportamento dos preços do leite será sempre variável,  com picos de altos e baixos,  algo que se repete ano após ano no Brasil e no mundo. Este aumento da produção de leite é devido basicamente ao aumento da produtividade e dos sólidos. Quanto maiores os níveis proteína e gordura, menos litros de leite precisam ser produzidos. E a indústria paga justamente para o produtor produzir mais sólidos e a consequência é a queda dos preços. 

Mas por que os preços caíram justamente na entressafra?

Bem, eu suspeito que os produtores são manipulados o tempo todo. Explico, sempre há um estímulo, um aumento do preço do leite quando muitos estão prestes a jogar a toalha e outros já desistiram da atividade. Como por milagre, os preços disparam a níveis muito acima dos preços internacionais,  iludindo mais uma vez  quem  pensava em abandonar o leite. E  ai quem chia é o consumidor  e  responde consumindo menos leite, o que leva a uma oferta maior do produto fazendo com que os preços do leite no mercado spot despenquem e a vaca do produtor mais uma vez vai para o brejo.

Em desespero, alguns produtores elevam mais ainda a produção para pagar as contas, o que só piora a situação do produtor, é claro.
Para os laticínios é uma maravilha, hora de produzir produtos longa vida como leite em pó, leite UHT e outros. E para quê? Para vender com altos lucros (às custas do  produtor ) na alta, quando os laticínios derem aquele estímulo revigorante aumentando o precinho  do leite para o produtor, o que faz os preços do leite nos  supermercados aumentarem muito mais, assustando o consumidor.

Lembrando que só uns 30% do leite produzido é vendido na forma de leite pasteurizado ou UHT. Os outros 70% são consumidos em queijos, iogurtes e uma infinidade de alimentos cujas fórmulas usam  leite. Felizmente, o leite é praticamente insubstituível em muitos casos, por aquelas bebidas vegetais que eles denominam erroneamente de leite e que estão fazendo um rombo em nosso mercado nos países desenvolvidos e mesmo aqui. Nem eu sabia mas, até minha esposa tem a receita para produzir leite de amêndoa e fica muito barato. Então, não subestimem o leite vegetal, ele já tem uma penetração razoável no Brasil mas distante ainda do que acontece nos EUA. E ali, apenas 25% de toda absurda produção é consumida na forma de leite pasteurizado.

Uma regra básica a ser seguida é que, se há uma alta brusca a queda será pior. Esteja preparado. Subiu o preço,  faça caixa, venda novilhas, bezerras, o que for possível. Sem fluxo de caixa positivo, uma queda no preço é desastrosa.

Se os preços subiram lentamente, a queda tende a ser menos brusca mas ela virá, tão certa como o nascer do sol, dia após dia.

É culpa do leite importado?

Nós produzimos 24 bilhões de litros de leite por ano e mais 10 bilhões de litros que não são fiscalizados. Importamos cerca de 200 mil toneladas de leite em pó,  ou 200 milhões de kg  que são convertidos em cerca de 2 bilhões de litros de leite. Isso representa quase 10% da produção de leite  fiscalizada  nacional. É significativo.  Seu efeito, suspeito,  é regular o preço do produto nacional. Esta é a principal razão do porquê ainda importamos leite, sabendo que temos condições até de dobrar nossa produção, mas os laticínios nāo querem nem pensar nesta hipótese, precisam trabalhar com as altas e baixas para realizar lucros futuros. Quando nosso leite estiver padronizado aí sim pensarão em exportar e talvez estimulem os produtores a produzir mais.

Acordo com Comunidade Europeia é prejudicial?

Confuso o acordo e somente será compreendido nos próximos 3 anos quando será detalhado.
Mas houve uma choradeira geral dos pecuaristas de corte mas nenhuma reclamação dos produtores de leite europeus. Isto é suspeito e facilmente explicável.
A Rússia importava maciçamente leite da Europa ocidental, mas os países do leste  europeu chiaram forçando a Rússia a comprar novamente  deles, tradicionais parceiros. Então a Europa está nadando em leite e fizeram dumping na Africa, vendendo leite ali abaixo do custo, e simplesmente destruíram a pecuária de leite africana. Um dos motivadores do acordo com o Mercosul foi a indústria do leite, mas com uma cota de 1 mil toneladas anuais  nem valeu o esforço. O Cone Sul, Argentina e Uruguai se deram bem e vāo continuar senhores de 99% de nossas importações

A parte maior seguramente vai passar aos EUA, no futuro acordo com o Nafta. Talvez aí o Cone Sul perca a pole position.


sábado, 23 de fevereiro de 2019

O Futuro dos Pequenos Produtores de Leite

O fim da Bolha das Commodities.

Desde 2004 houve uma variação espetacular nos preços das commodities, a chamada bolha que impactaram diretamente os produtores de leite que utilizavam o sistema de confinamento obrigando-os a buscar sempre a maior produção por animal, para terem lucratividade num cenário de  custos muito altos e   preços que,  embora tenham aumentado logo sofreram  as flutuações tradicionais colocando muitos em dificuldade, principalmente os pequenos com pouca capacidade de investimentos. Os maiores, em busca do lucro, trataram de produzir mais ainda o que se aumentava a lucratividade do negócio, por outro lado acabava colocando uma pressão de baixa nos proprios preços.

Nos EUA as coisas aconteceram de modo mais dramático que aqui, pois os produtores induastrias com mais de 1.000 vacas já estão produzindo quase 40% dos 90 bilhoes de litros produzidos anualmnete ali, ou seja produzem mais que o Brasil.. E eles são apenas 200, acreditem ou nao.

Os pequenos produtores de lá entraram em cloapso nos ultimos 3 anos com um custo de 40 cents por litro e recebendo apenas 30 cents. A maioria segue o mesmo modelo, com gado recebendo silagem e muito concentrado. Para piorar a situação Wallmart e Kroger entraram no processamento de leite deixando laticínios e produtores sem ter para quem vender em algumas regiões, levando a um alto índice de suicídios na zona rual pois nunca enfrentaram um paradigma destes.

O Brasil que tem alta disponibilidade de terras e ainda muitos produtores  produzindo como na India, uma média muito baixa com gado quase eminentemente a pasto, usando as mesmas técnicas de antigas gerações, conseguem sobreviver. Aqueles que possuem mais terras consorciando leite, corte e às vezes agricultura. Os de pouca terra, que usam técnicas semelhantes às dos grandes produtores se viram numa encruzilhada que resultou em grandes manifestações contrárias  às importações de leite, mas não é apenas este o problema.

Solução americana para os pequenos produtores

O papa da revolução na nutrição americana, o grande responsável pela altissima produtividade da vacas ali, em visita a Nova Zelândia ficou  encantado com o sistema empregado ali, com vacas quase que exclusivamente a pasto e média produtividade e boa lucratividade. E mudou sua maneira de pensar.

Claro que, para um produtor industrial  de mais de 2000  vacas, o sistema a pasto e mais complicado´e depende muito da diaponibilidde de água do clima mas, para os pequenos e médios ele se tornou interessante, principalmente com a onda do leite orgânico que começou lentamente na década de 90 e já fez com que 10 a 25% dos produtores americanos migrassem para a produção de leite a pasto. A vantagem lá ao contrário daquit é que, tanto o leite orgânico quanto o a pasto é muito melhor remunerado que o o leite tradicional de confinadores, que já sofrem uma campanha de depreciação de seu produto o qual é chamado de ralo, aguado.

O mesmo acontece com a carne produzida a pasto que custa 30% mais cara. Lá já existem cooperativas que só trabalham com produtores orgânicos.

E Wallmart e Kroger com suas plantas de processamento de leite que proibiram já proibiramp seus  produtores associados de usarem BST (Boostin ou Lactotropin) em suas vacas indicando uma migração gradual para o leite orgânico.

O Fim do Boostin e Lactotropin?

A somatropina desenvolvida pela Monsanto que sabiamente a vendeu para outro laboratório, desde  2008 conforme pesquisa realizada na Universidade do canadá, embora aumente em 16% a produção de leite também  aumenta em 55% os problemas de casco bem como a incidência de mastites e ai a coisa pega pois, o risco de de resitencia a antibioticos em humanos em vacas tratadas comproblemas de mastite e real e hospitais e os grandes varejistas simplesmente baniram o leite proveniente de vacas que recebiam BST.   Canadá, Nova Zelândia, Austrália e na maior parte da Europa já proibem o uso do BST.

Leite orgânico no Brasil

Ainda caro  para o consumidor de 5 a 6 reais o litro e vai atrair cada vez mais a população de alta renda e também os produtores ávidos por lucro.

Existe uma diferença basbás entre o pequeno produtor americano e o brasileiro. O americano tem a mesma vida árdua do brasileiro popor ele quer viver no campo mas não abre mão do  conforto, ou seja precisa produzir 5 a 6 mil Kg de leite por vaca em cada lactação. O brasileiro produz o que o pasto permite e vive de acordo mas, cada vez mais a vida no campo fica mais cara e logo tamtam o produtor brasileiro vai ter que utilizar técnicas que permitam a ele uma maior produtividade e consequentemente maior lucro. Os que não quiserem investir vão deixar esta atividade indo para cidades ou produzindo outras commodities na fazenda.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O Futuro do Leite em Capítulos: Para onde vai o mercado

Desde a década de 80 o consumo de leite caiu 22% nos EUA, graças a invasão dos refrigerantes e outros produtos açucarados e hoje principalmente pelos leites vegetais e sucos  de frutas envasados  ditos naturais que, são muito nocivos. Um suco de fruta contem frutose (útil para fazer álcool, pinga ) que sem a fibra da fruta , tomado regularmente todo dia, torna o fígado gorduroso, esteatose  não alcoólica, podendo evoluir para hepatite e cirrose. Tudo em nome da saúde. O leite bombardeado pela industria, pelos médicos a serviço da industria, combatem aquele que é o único produto que ira suprir o cálcio para as pessoas pois, nosso corpo não fábrica cálcio.

No Brasil o consumo de leite ainda cresce, dependendo do crescimento do pais, sendo atualmente 1/3 dos EUA, país que já ingere 30% de leite vegetal, feito de um amontoado de subprodutos tipo cevada, coco, amêndoas, quinoa e  ervilha com a promessa de terem menos gordura e açucares que o leite de vaca. Mas todos sabemos que qualquer processo industrial de alimentos quando resolve um problema cria muitos outros que os consumidores só saberão daqui uns anos.

 A tabela abaixo significa que para cada ponto de crescimento no PIB da China, o consumo de leite  aumenta na ordem de 4.  A China consome hoje 57 lts per capita. Para atingir o consumo americano ela precisaria de mais 200 bilhões de litros ano, um potencial equivalente ao  da produção atual americana e 8 vezes maior que a produção brasileira.

Potencial de crescimento do consumo de leite por país.

É nestes mercados que os países exportadores de leite estão de olho e nós ignoramos graças a uma ajudinha de nossos laticínios a serviço dos países exportadores que tentam impedir que o Brasil se torne como na carne um país exportador e mais, o maior exportador mundial.

No Próximo Capítulo: O Futuro dos Pequenos Produtores

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Porque os preços do leite caem no final do ano?

1) Os produtores exclusivamente a pastos, sem nenhum concentrado, conhecidos como gigolôs de vacas que passam a seca produzindo quase nada, de repente, inundam o mercado com leite com as vacas turbinadas pelos verdes pastos;
2) Os Laticínios têm umas série de custos no final do ano como décimo terceiro salário, impostos e precisam equilibrar o orçamento e gerar resultados, às nossas custas claro;
3) Os varejistas e consumidores americanos preferem o leite HTST, que é envasado em galões de plásticos e dura uns 5 dias na geladeira. Os laticínios aqui, incutiram no consumidor brasileiro o hábito de preferir o UHT, que nem leite é mas, dura muito e permite a indústria estocar para vender na alta;
4) Os Laticínios aproveitam a baixa do leite do final do ano que eles mesmos inventam para produzir muito leite UHT para estocar e produzir derivados que serão vendidos na entre-safra, quando os produtores só a pasto praticamente param de produzir. Para os produtores que tentam produzir muito, a indústria paga na seca um sobrepreço, deixando os produtores felizes, incentivados e doidos para investir e produzir mais. E assim que a produção aumenta os preços caem e boatos são espalhados que é culpa do leite importado que, na verdade é importado o ano todo para que o Brasil nunca seja um exportador que perturbe o mercado da Europa, NZ, US e Canada. Preços estáveis e realistas poderiam transformar o Brasil no maior produtor mundial de leite rapidinho mas isto o mundo não quer;
5) Campanhas incessantes na mídia contra o leite de vaca fascinam e aliciam o mundo Fitness, os politicamente saudáveis, diminuindo ainda mais o consumo do produto e no final do ano as coisas pioram pois, a medida que o preço do leite sobe na seca os preços para o consumidor sobem muito nas prateleiras dos supermercados. O consumidor substitui o leite por outras bebidas menos saudáveis. Ironia do nosso mundo embalado por campanhas de marketing como as que transformaram o ovo em vilão e depois num dos alimentos mais saudáveis que existem. Mas  a China bebe muito pouco leite e é a esperança de todos exportadores e as terras do Brasil é a esperança dos Chineses produzirem aqui.