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segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Produzir Leite é Bom Negócio? Capitulo 7 - Parte 1

Os Censos Agropecuários de 95 e 2005 revelaram que meio milhão de pequenos produtores de leite até 50 litros/dia abandonaram a atividade naquele período. Estes são o que chamamos de produtores de subsistência, com renda de no máximo 4 salários mínimos e que,  ou crescem ou mudam de negócio ou procuram empregos nas cidades, aproveitando a boa fase da economia.Por outro lado, os produtores de 50 a 200 litros/dia quase que duplicaram, passando de 190 mil para 250 mil e podemos deduzir que do um milhão e meio de produtores de até 50 litros/dia, existentes em 1995, apenas 60mil buscaram aumentar a produção introduzindo novas tecnologias. Os demais, mais exatamente meio milhão como dissemos, chutaram o pau da barraca e mudaram de negócio e então vão resistindo até quando não der mais.

Mas o dado mais curioso, é que metade dos produtores com produção acima de 200 lt/dia também saiu do ramo, restando apenas 14 mil produtores, que vamos chamar de grandes, e que respondem por  por 20% do leite produzido no país. A metade do leite brasileiro vêem das fazendas que produzem até 200 litros/dia. São basicamente fazendas familiares, que possibilitam uma renda de até 10 salários mínimos mensais e que permitem uma família no campo viver razoavelmente bem, pois o custo para se viver no campo é muito menor que nas cidades.

Mas a verdade é que a segunda geração destes produtores, ou seja, os filhos, possuem um desejo irresistível de se mudarem para as cidades aliado ao fato que a maioria destas propriedades são pequenas e quando  divididas entre os filhos não permitem manter o mesmo padrão de renda que seus pais proporcionaram, a não ser nas raras famílias que conseguem trabalhar num sistema do tipo cooperativa.

O mais provável que vai acontecer é que uma pequena parte dos pequenos produtores até 50 litros irá migrar para a faixa intermediária e o restante irá desaparecer da atividade. Parte dos produtores médios até 200 litros continuará crescendo e um novo tipo de megaempreendedor irá surgir entra os grandes produtores, que farão investimentos vultuosos criando verdadeiras indústrias produtoras de leite, em nada lembrando uma fazenda tradicional, com modelos similares ao que podemos ver neste documetário de uma empresa de 500 mil litros/dia instalada no Vietnã.



O restante, que ainda usam o modelo tradicional e que não  possuem um aporte de capital necessário vão sucumbir perante as dificuldades crescentes de se encontrar mão de obra e pelos custos cada vez maiores da própria mão de obra e das commodities agrícolas num mundo cada vez mais globalizado. 


Estas mudanças acontecem no mundo todo, e há poucos dias li uma reportagem do New York Times que contava uma história de uma geração de produtores de leite nos EUA na qual, a primeira geração, os avós, criaram os filhos muito bem, com uma produçao diária de 800 lt/dia. Já a segunda geração, os pais, tiveram que produzir dois mil lt/dia pára criar bem seus filhos. A terceira geração, os netos, por sua vez mesmo produzindo quatro mil litros/dia não estão conseguindo a rentabilidade necessária para permancecer no ramo. As história são parecidas, mudando apenas as escalas de produção e alguns aspectos culturais.

Será Continuado.






Um comentário:

  1. Meus parabéns ,,são artigos excelentes; de grande aproveitamento ,com comentários sarcásticos que interagem sob o ponto de vista da atividade leiteira e assim vendo ela como uma empresa complexa, onde deve ser bem administrada para ser lucrativa.

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