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quinta-feira, 3 de junho de 2010

O Criador de Bezerros

Esta é uma modalidade muito comum, pois não exige muita mão de obra nem muito trabalho (sonho dos pecuaristas amadores).

Existem os criadores de bezerros, que são aqueles que possuem as matrizes que vão gerar os bezerros, que serão vendidos após a desmama, o que acontece normalmente entre 9 e 12 meses de idade. Existem também os pecuaristas de recria, que adquirem bezerros dos criadores, para engordá-los e terminá-los, vendendo-os como bois aos frigoríficos. Mas um pecuarista só pode criar e recriar, se ele tiver terras disponíveis para tal.

O pecuarista criador iniciante, primeiramente deve decidir se vai adquirir ou alugar uma fazenda. Para ajudá-lo a se decidir, vou apresentar alguns dados rápidos.

No mundo rural utiliza-se uma unidade de área muito besta, conhecida por alqueire e como se não bastasse isto, existe o alqueire mineiro, o alqueire paulista, o alqueire baiano, etc. Cada qual equivale a uma área específica. O mineiro equivale a aproximadamente 4,8 hectares, o paulista a 2,4 hectares e o baiano a 9,6 hectares. É o samba do crioulo doido rural.

Mas, felizmente com a modernização do país, é muito comum hoje em dia se utilizar o hectare, que são 10 mil m2 (1 quarteirão). É esta medida que vamos utilizar, pois do contrário, seria impossível para um leitor de um ou outro estado ter uma referência de preços correta.

No sudeste do país, se paga hoje, por um hectare, de cinco a dez mil reais, dependendo da qualidade da terra e de suas benfeitorias. Cuidado, terras vermelhas não são necessariamente boas, apesar dos vendedores dizerem:

- Veja que magnífica terra vermelha, pode levar um pouquinho, vamos, não se acanhe, ponha no bolso.

Sugiro uma leitura de um livro chamado Pedologia Fácil, de Hélio Prado, se você está realmente com o firme propósito de entrar para o negócio. Pedologia é a ciência que estuda os solos. Nada a ver com pedófilos, por favor. Você pode não ficar um perito em solos, mas terá uma base para separar o joio do trigo.

Um fator fundamental na escolha da terra é a água disponível. A norma é você comprar uma terra na estação da seca, pois aí você saberá se suas fontes d’água são perenes ou temporárias. Muitos adquirem na estação das chuvas, e quando vem a seca, a água desaparece, asi no mas, e aí passam a criar cabras nordestinas, que já estão adaptadas com os rigores do semi-árido.

Outro fator importante é a sinuosidade do terreno, quanto mais plano melhor. Claro, se for muito plano, o valor da terra é normalmente alto, pois são terras próprias para a agricultura. Uma declividade como as que se encontram nas margens de alguns rios, não é prejudicial, e normalmente é ali que estão as melhores terras para pecuária, pois são mais ricas em minerais e não são disputadas pelos agricultores, em função do relevo.

Não é conveniente você adquirir terras montanhosas, pois provavelmente, terá que instalar rodinhas nas vacas para que elas não despenquem lá de cima, fora o gasto desnecessário de energia das coitadas, para subir e descer morros, o que implica em ganho de peso pífio, sendo os animais terminados em longo prazo, de 3 a 5 anos.

Observe as matas nativas. Se as árvores são altas, retas e com troncos de grande diâmetro, você está provavelmente adquirindo terras da finada Mata Atlântica. Se as árvores são baixas, retorcidas, e com troncos de diâmetro mínimo, você está no cerrado. Entre o cerrado e a Mata Atlântica, para pecuária, eu prefiro a Mata Atlântica.

Um dado importante é a textura do solo, ou seja, sua quantidade de argila. Teoricamente, a maior disponibilidade de água no solo é quando ele possui uma textura média, com teor de argila variando de 25% a 35%. Ele disponibiliza água de 10 a 15 dias, importante para a manutenção da pastagem nas estiagens ou os chamados veranicos. A pastagem irá secar muito mais rapidamente num solo arenoso. Mas cuidado! Você pode estar pensando, vou comprar um solo 100% argiloso. Se fizer isso, muito provavelmente você estará comprando um brejo, e vai poder cuidar em paz de sua criação de sapos. Na verdade, nem isto, o IBAMA, vai mandar você cercar o brejo, às suas custas, para que nenhum animal doméstico entre ali.

Bem, aí então você decide pela compra ou aluguel da fazenda. O aluguel de imóveis rurais, com infra-estrutura básica (pastagem mais um curral velho e uma casinha caindo aos pedaços), sai por volta de R$ 20 por mês por hectare.

Este valor parece pequeno, mas lembre-se, em um hectare de pastagem, na seca, você pode colocar somente uma unidade animal (UA), que significa um animal de 450 kg.

Traduzindo, se você possui apenas 1 hectare, você pode criar uma vaca de 450 Kg, ou 3 bezerros(as) de 150 Kg cada. Um custo de R$ 7 reais mensais por bezerrinho.

Um custo a princípio razoável, se eles não crescessem. Quanto maiores ficam, menos animais por hectare você pode colocar. Quando estiverem com 450 Kg, seu custo mês já será de R$ 20, que é o valor do aluguel por hectare.

Por outro lado, se você investir R$ 10 mil por hectare, você deixa ter um rendimento (poupança) de 60 reais por mês. Em compensação, adquire um patrimônio que irá se valorizar. Mas para efeitos financeiros, seu lucro no final, terá que ser superior a 60 reais por hectare. Mas conforme-se, ele dificilmente será. O quê? Já se decidiu? Vai deixar seu dinheirinho na poupança! Ora, espere para ver o resto.

Então, uma vez feita sua opção pela terra - aluguel ou compra - você passa para a segunda fase do projeto.

Para ser um criador, você vai precisar adquirir as matrizes e um ou mais bois (isto depende da quantidade de matrizes que você irá comprar que é proporcional à quantidade de terras disponíveis). Utiliza-se como regra, um boi para cada 25 vacas.

Claro, se você gosta de tecnologia, você pode inseminar, gerando bezerros de alta qualidade, com valor agregado, e arrisca-se a vendê-los um pouco mais caros. Mas neste caso, precisa de um funcionário que resida na fazenda e saiba inseminar, além do botijão de sêmen, sêmen (de 16 a 500 reais por dose), apetrechos de inseminação (luvas, bainhas, etc) mais recarga a cada 60 dias de Nitrogênio.

Se optar por IATF, que significa Inseminação Artificial em Tempo Fixo, que traduzindo é o seguinte: você estimula suas vaquinhas a darem cio na data que você achar mais adequada. Você pode fechar os animais, se der sorte, apenas uma vez, inseminá-los e 9 meses depois todas as vacas irão parir juntas, o que vai provocar a venda no futuro, de um lote de bezerros de mesma idade e praticamente mesmo peso.

Como matrizes, você escolhe naturalmente o Nelore, que é a raça preferida pelos pecuaristas tupiniquins. Como analogia, podemos compará-la ao fusca. Rústica, acessível e quase não dá problemas. Claro, existem os Nelores de Elite no qual você paga uma bagatela e 1 (um ) milhão por vaquinha. Mas isto foge ao nosso escopo, e este artigo é para iniciantes e nenhum iniciante compra uma Ferrari, no máximo um New Beetle. Caso você seja amante da tecnologia, pode partir de cara para FIV, que é a técnica de se produzir embriões in vitro, e implantá-los em vacas barriga de aluguel.

Com esta técnica, a partir de uma única doadora de alto valor genético, você pode produzir de 25 a 50 bezerros no intervalo de um ano. A doadora como o próprio nome diz, produz os oócitos, que serão fertilizados em laboratórios, com sêmen de touros também de elevado teor genético, e que serão implantados em vacas vagabundas, cuja única utilidade é a de gerar e criar os bezerros de alta linhagem. Cada FIV sai por volta de 300 a 500 reais, que é o custo do bezerro ao nascer. FIV é para investidores a longo prazo.

Mas voltemos aos nossos fuscas, ou seja, nossas vaquinhas Nelore, mas antes uma advertência: se você, amigo leitor, adquirir uma vaquinha nelore e ela adoecer, saiba que, ela não deve ser tratada com uma pedra e uma chave de fenda, como se fazia quando os fuscas davam algum defeito. A comparação com o fusca é apenas simbólica.

Vacas nelore amarra-cachorro podem ser adquiridas por R$ 700 a unidade.

Vamos considerar que o amigo leitor pesquisou e escolheu sua fazenda na estação da seca, tomando posse dela no início do verão, tendo em mãos agora 100 hectares.

Aproveite o início das chuvas para dar os retoques na fazenda, consertando o mais importante, de tudo que está estragado ali.

Dê um descanso para as pastagens, que provavelmente estão bem degradadas, limpe os pastos, refaça cercas danificadas, retoque o curral e a casa do funcionário. Se tiver casa sede, é mais um gasto para que irá comprometer os resultados nos próximos 3 anos.

Com os pastos já descansados e com altura de aproximadamente 40 cm (caso o pasto seja de braquiária), o amigo vai para os leilões de gado de corte comprar a vacada.

Você já sabe que poderá colocar 100 vaquinhas ali. Caso opte por monta natural, deverá adquirir 4 reprodutores Nelore. Pronto, seu negócio está em pleno andamento e daí uns 9 meses começam a nascer os primeiros bezerros, branquinhos e belos.

Uma pausa, você poderia comprar 4 reprodutores de raças europeias, fazendo o chamado cruzamento industrial, que produz bezerros mais precoces e pesados. Mas a contrapartida, é que os bezerros poderão requerer mais cuidados, principalmente com carrapatos e as doenças por eles transmitidas. Se você é amador, fique com o Nelore por enquanto.

Mas o amigo olha aquelas pastagens e pensa:

- Isto não está certo! Está sobrando pasto, vou comprar mais vacas!

Não faça isto, pois se lembre que: na seca, o alimento é escasso, e exceder a lotação é condenar os animais à inanição e muitas mortes poderão ocorrer.

Se tiver sorte e sucesso absoluto, 2 anos depois de iniciado o seu empreendimento, você começa ver a receita entrar com a venda de 100 bezerros(as) Nelore, pela bagatela de R$ 80 mil reais. Sempre lembrando que, metade dos bezerros será de machos e metade de fêmeas. O bezerro macho possui valor mais elevado. Parte das fêmeas são destinadas para reposição ou aumento do plantel de matrizes. Para efeitos de receita vamos considerar a venda total dos 100 bezerros por 800 reais cada.

Se você alugou a fazenda, gastou neste período apenas com o aluguel, 48 mil reais. Se você adquiriu as terras por digamos, 10 mil o hectare, você deixou de receber 120 mil reais de juros neste período.

Nem vou mencionar o investimento nas vacas e os custos totais da fazenda no período de 2 anos. Bem, vamos então à recria de bezerros, já que as coisas aqui não parecem animadoras.

Lembrando sempre que você pode ser criador e re-criador, desde que tenha terras para isto.

De posse de seus 100 hectares, você vai aos leilões, desta vez não para adquirir matrizes, mas sim bezerros nelores desmamados. Você opta por bezerros de 190 kg de peso médio, pagando a bagatela de 720 reais por unidade. E decide adquirir 240 bezerros. Um investimento de 173 mil reais. Opa, lembre-se que estes bezerrinhos vão crescer, e de 6 a 8 meses devem estar com 300 kg de peso médio. Mas tudo bem, seus pastos estão bons, existe muita matéria seca, o chamado feno em pé, e logo as chuvas voltarão e a pastagem será abundante novamente.

Se tiver sorte em adquirir bezerros que foram bem criados, (nada de bezerros de Gigolôs de Leite, que virtualmente passam fome, levando de 3 a 5 anos para se chegar ao peso de abate), você poderá vendê-los para os confinadores 8 meses depois de adquiridos, ao preço de 820 reais cada. Você fez um negócio magnífico: 24 mil reais brutos em 8 meses! Não vou comentar sobre seus custos no período, pode ser prejudicial a saúde.

Bem, você imediatamente suspende a venda, e decide entregá-los aos frigoríficos quando estiverem com 17 arrobas, ao preço de 1.400 reais cada um.

Vejamos o negócio. Você investiu 173 mil na aquisição dos 240 bezerros, e depois de 2 anos conseguiu a proeza de vendê-los por 336 mil reais, o que gerou um lucro bruto de 163 mil.

Seus custos com a fazenda, no período, somaram 50 mil (você teve sorte), e sobraram 113 mil reais para você gastar.O que é um lucro líquido fabuloso de 65%.

Se você alugou a fazenda, terá um pouco menos, uns 63 mil para gastar.Ainda um lucro muito bom, 36% em 24 meses.

Na verdade, o lucro é sempre menor, pois existem os custos variáveis, com manutenção da fazenda, impostos, morte de animais, vacinas, combustível e outros, que mais tarde iremos detalhar em uma planilha específica. Mas é um bom  negócio, mas sujeito as intempéries do mercado: as variações dos preços.


O Produtor de Leite Profissional

O produtor profissional utiliza vacas especializadas na produção leiteira, que são normalmente originárias da Europa, ou vacas cruzadas entre raças leiteiras européias e raças leiteiras indianas. Como seu objetivo é ter uma produtividade alta, ele pode permitir o pastejo das vacas durante a estação das chuvas. Com o início da estação seca e a conseqüente degradação da pastagem, o gado já vai para o confinamento, onde recebe silagem de milho, sorgo ou cana. A dieta é complementada com concentrados energéticos, proteicos fibrosos, minerais e vitaminas.

Uma vaca come, em média, 22 kg de silagem/dia, o que requer o plantio em áreas extensas de milho, sorgo ou cana, exigindo deste profissional experiência mínima em técnicas agrícolas. Além disto, são necessários investimentos em tratores e maquinário agrícola, bem como silos e barracões para acondicionar concentrados e maquinários. A mão de obra é mais especializada e o emprego de inseminação artificial em bovinos é comum e necessária para o aprimoramento genético do rebanho e aumento da produtividade leiteira.

Utiliza-se ordenhadeiras mecânicas para a retirada do leite dos animais, que é enviado diretamente para os resfriadores, sem qualquer contato humano. O controle de qualidade do leite produzido é buscado sempre, pois quanto melhor a qualidade, mais o produtor recebe por litro.

A infra-estrutura para o confinamento dos animais não é simples, pois uma vaca requer uma área de sombra de 6 m2 e 20 m2 para circulação, além de uma área 0,4 m2 de cocho.

Isto exige pistas de alimentação, construídas geralmente em cimento. O sombreamento se faz com coberturas metálicas, sombrites ou árvores.

Como se faz duas ou mais ordenhas por dia, uma estrutura de grupo gerador de eletricidade é necessária, pois as máquinas não podem parar.

Alguns criadores, que optam por gado holandês puro, cuja temperatura de conforto está entre 0 e 16 graus, precisam também de uma estrutura de climatização, com o emprego de imensos ventiladores e aspersores de água.

Já o gado mestiço, em geral o chamado Girolando, que é um cruzamento das raças leiteiras GIR (Indiana) e Holandesa, pode ser mais tolerante ao calor, dependendo de quanto de sangue holandês tem nele. Quanto mais voltado para o holandês, mais leite ele produz e com maior tempo de lactação. Quanto mais Gir ele é, menos persistência de lactação possui e as quantidades de leite produzidas são menores.
To be continued

O Gigolô de Vaca

Certa vez, um amigo meu dos EUA, que ganhou um belo dinheiro em ações na Nasdaq, me procurou para investir comigo em pecuária no Brasil. Eu fui taxativo:

- Você provavelmente vai perder seus dólares!

Isto porque o Brasil, na época, possuía um câmbio extremamente volátil.

Outra vez, um empresário poderoso, buscou uma associação para exploração leiteira, e da mesma forma eu o desencorajei, pois em pecuária se trabalha com margens de lucro pequenas, tendo em vista que o negócio é muito seguro.

E muitas outras pessoas sempre me questionaram sobre a viabilidade de se investir em pecuária, incluindo minhas filhas. Para elas e para todos os que desejam se aventurar nesta área, deve-se seguir dez lições básicas, e você, ao final, irá escolher qual o modelito que é mais adequado ao seu perfil de investidor.



1 – Gigolô de Vaca

Este é o modelo mais utilizado no Brasil, o sonho de muitas pessoas que não gostam muito de trabalhar e acham que este negócio permite um dinheirinho fácil e uma vidinha ociosa.

O Gigolô de Vacas, é antes de tudo, um explorador. Ele tanto pode ser um pequeno produtor, que escolhe este modelo por falta de conhecimento ou por falta de opção, pois não tem os recursos necessários para se modernizar. Pode ser um latifundiário retrógado, que segue as mesmas cartilhas de seus antepassados que vieram ainda com as Caravelas de Pedro Álvares Cabral. E por último, pode ser uma empresa, uma multinacional, que compra terras imensas, derruba a floresta e planta ali gramíneas normalmente vindas da África, as chamadas Braquiárias, um tipo de capim, e coloca milhares de cabeças de gado para engordar. Neste caso, o termo correto seria: Gigolô de Terras.

O Gigolô de Vacas Leiteiras

Para o Gigolô de Vacas Leiteiras, uma vaca deve produzir somente a pasto, e com a infra-estrutura mínima, ou seja, um banquinho, um tirador de leite e um resfriador de leite. Na verdade, ele não teria o resfriador, utilizaria os famosos latões de leite do passado mas que, por força da legislação, estão atualmente proibidos no Brasil. Claro, ainda existem os piratas do leite, que ainda utilizam os latões, mas vamos nos restringir à legalidade apenas.

Uma vaca produzindo somente a pasto seria muito bonito, uma vaca verde, sonho dos ecologistas. Acontece que temos estações chuvosas e estações secas. E embora o ecologistas sejam todos verdes, a natureza não é assim.

Claro, com tecnologia, existem os produtores exclusivamente a pasto, mas aí acontece algo pior, eles utilizam a preciosa água para irrigar as pastagens. E é muita água, somente 1 hectare de pastagem ou 10 mil metros quadrados (1 quarteirão) consome cerca de 80 mil litros de água/dia. Em 1 hectare de pastagem irrigada se pode colocar 16 vacas no inverno. Uma fazenda profissional de exploração leiteira a pasto, possui em média, 100 hectares, consumindo 8 milhões de litros de água/dia, equivalente ao consumo de 40 mil pessoas, utilizando a média (alta) nacional de 200 litros per capita dia. Resumindo: 16 vaquinhas verdes em um hectare, consomem água equivalente a 400 pessoas. E depois dizem que gado verde é que é bom. Deve ser, para acabar com a água do planeta.

Estes Gigolôs do Leite eram os maiores responsáveis pelo desequilíbrio de preços no mercado do leite que ocorrem frequentemente no mercado brasileiro, pois, se produzem na seca digamos, 100 litros, na chuva vão produzir 600 litros, e a soma do leite produzido por todos os Gigolôs, gera um excesso sazonal do produto, que joga os preços lá embaixo durante 4 a 5 meses por ano. E eles acham que fazem um bom negócio. Mas hoje em dia o mercado globalizou e os preços não respeitam a velha lógica de baixa águas e alta na seca. Vai depender dos preços do leite no mercado internacional e o mais nefasto, da hora em que as  da multinacionais do setor fazem suas remessas de dólares camufladas ao exterior. Fazem isto importando leite em pó de suas unidades no exterior a um preço alto aproveitado principalmente uma alta do dolar frente ao Real. É uma operação similar ao que fazem as multinacionais automobilísticas que importam componentes superfaturados, um parafuso a um preço de 10 mil dólares, para encher os cofres da matriz àvida pelos dólares gerados no Brasil para cobrir seus deficits no mundo. Agindo assim, elas derrubam os preços do leite no mercado brasileiro quebrando alguns produtores de leite. É um mecanismo regulador de preços. Elas são soberanas e exercem seu poder e quando o pobre ministro da Agricultura consegue entender a situação e conclama o presidente para fazer alguma coisa, o estrago já foi feito e o cenário internacional já mudou e os preços voltam a subir para o produtor. O presidente e o ministro ficam felizes pensando que foi a atitude enérgica deles. E vários novos produtores entram no mercado embalados pelos preços atraentes e perspectivas de lucros fáceis.

Para os Gigolôs de Vacas de Leite, o final do verão marca a época mai difícil, pois as  pastagens secam, e a vacas não encontram mais as quantidades necessárias de energia e proteína e vão se definhando, e produzindo cada vez menos. Não raro, a morte de animais se sucede, e vemos os espetáculos tristes de animais mortos jogados nas estradas.

Com a diminuição do leite produzido pelos Gigolôs,  o produto fica escasso no mercado, o que pode provocar aumentos nos preços para o consumidor e inflação.

Ou seja, um Gigolô causa danos pode causar danos não só aos produtores profissionais, mas a toda população e ao país.

O Gigolô de Gado de Corte

Possui as mesmas características do Gigolô de leite, mas como utiliza um gado adaptado ao clima tropical, em geral originário da Índia, o famoso Zebu, sendo a raça mais utilizada o Nelore, que se adapta bem ao clima quente do Brasil e é resistente aos endo e ectoparasitas aqui encontrados, como exemplos: vermes e carrapatos.

Apesar de também sofrer com as pastagens ruins na seca, um bovino zebu tem muito mais facilidades de sobreviver aos seus rigores, pois ele está adaptado. Com uma suplementação protéica adequada, é perfeitamente possível a criação extensiva de bovinos para corte utilizando-se apenas pastagens. Mas esta é uma atividade que só irá resistir nas terras não aptas a agricultura, pois o mais importantes é produzir os alimentos para alimentar os bilhões de pessoas no mundo. Nos EUA desde 1800, a criação em áreas extensivas foi sendo substituídas pelos confinamentos, onde o gado permanece em ambientes restritos recebendo toda alimentação em cochos específicos ou semi-confinamentos, onde ele pasteja no verão e fica confinado nos meses mais frios. Mas no verão ainda se vê muito gado nos pastos em fazenda, principalmente no norte dos EUA. A maioria das pastagens são irrigadas.