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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Produzindo Leite: Uma Atividade Cada Vez Mais Profissional

No Brasil temos basicamente 3 tipos de Produtores de Leite:


1 - Produtores Familiares: ( até 1.000 litros de leite / dia) são famílias proprietárias de um pedaço de terra que sobrevivem quase  que exclusivamente do leite, na qual todas atividades são executadas pelos membros da família. Digo quase que exclusivamente, pois como dizia  Pero Vaz de Caminha, nesta terra em se plantando tudo dá, logo as famílias ainda obtém uma rendinha extra com diversas outras atividades não fins mas que ajudam no orçamento doméstico. Um grande negócio, mas uma atividade dura e que requer trabalho árduo e incansável. Não é para todos. Os mais aptos estão cada vez mais se sofisticando e crescendo.  Os demais vão se extinguindo, vendendo as propriedades e mudando para as cidades, atendendo ao irresistível desejo de uma vida ociosa e divertida. Acabam por engrossar o cordão do Bolsa Família, pois o mercado exige especialização que eles não possuem.

2 - Produtores Amarra Cachorro: ( de 1.001 a 5.000 litros de leite /dia). São os médios produtores, como  este humilde escriba,  que se esforçam para  crescer  num mundo de incertezas e mão de obra cada vez mais difícil, pois ninguém quer morar no campo, a não ser que seja proprietário e tenha veículos e recursos para ir a a cidade quando as esposas explodem e falam que não aquentam mais aquela solidão bucólica. Elas querem é o buzinaço, o ronco dos motores, a poluição, tropeçar nas  pessoas nas ruas, nos shopping centers, comer comidas pouco saudáveis e às vezes contaminadas em restaurantes da moda, a dengue, e fuga alucinada de bandidos perigosos e o sibilar das bala perdidas. Eta mundão bom demais. 
Alguns produtores, na verdade  a maioria, moram na cidade, curtindo os prazeres da vida urbana, os bares, o álcool, a cirrose e as conversas fiadas jogada fora em longos papos improdutivos, afinal o ser humano é um ser social , como as formigas e cupins.
Estes produtores tentam produzir cada vez mais, pois o lucro por litro de leite, é na casa de centavos e portanto o que importa é o volume mensal. E cada vez que aumentam a produção, mais complexa se torna a atividade, dependente de mão de obra instável e saturam o mercado de leite, fazendo despencar o preço do litro, pois a lei de mercado é cruel e não perdoa.  Para baixar os custos, tentam automatizar tudo ao máximo, os mais iluminados e corajosos já começam a utilizar robôs nas ordenhas, substituindo o velha mão de obra humana.
Utilizam técnicas como FIV que permitem uma padronização do gado leiteiro atingindo médias muito altas. Vacas de 25 a 30 litros são vendidas para produtores familiares ou enviadas para os frigoríficos. Antigamente uma vaca considerada boa de leite, produzia 10, 15 litros de leite, hoje uma vaca boa produz na faixa de 50 a 60 litros, tendo as exceções que chegam aos 100 litros. Mas ai a complexidade é enorme. No início, se fazia uma uma ordenha diária e para se atingir médias cada vez mais altas, faz-se 3 a 4 ordenhas diárias. É quando a maioria dos produtores amarra cachorro, jogam a toalha e fazem a liquidação do plantel, pois já estão a beira de um ataque de nervos. Depois de vendido todo o gado, ordenha, equipamentos, tratores e implementos, falam para todo mundo que nunca foram tão felizes, finalmente livres da escravidão do leite. Esta felicidade dura até acabar o dinheirinho arrecadado quando passam por crises do tipo, eu era feliz e não sabia, mas esta é outra história.
Os mais aptos passam para a segunda faixa de produtores.

3 - Produtores Profissionais: ( acima de 5.000 litros /dia). Aqui o negócio é encarado como um indústria. Primeiro faz-se o plano de negócio do empreendimento. O tal business plan contém o planejamento da industria num período de 5 a 10 anos. Capital necessário, despesas, mão de obra, produção e quantidade e tipos de animais necessários  e a média de litros por vaca  de acordo com o sistema de alimentação a ser utilizado. Pastagens irrigadas em pivôs centrais, confinamento total  ou semi-confinamento. As terras são adquiridas sempre próximas as cidades  ou mesmo doadas pelas prefeituras que têm todo o interesse em que uma nova industria se instale na cidade gerando empregos e impostos. O primeiro erro básico é montar a empresa longe da cidade. Os funcionários devem morar na cidade e com a opção de transporte gratuito até a industria de leite.  Os números são na faixa de milhões de dólares, e muitas vezes a empresa é uma sociedade formada por um grupo  de empresários ou mesmo poderia ser uma startup, que capta dinheiro nas bolsas para para todo o empreendimento. Neste caso normalmente após uns 5 anos consumindo o dinheiro alocado pelos investidores crédulos e ávidos por lucro, a empresa abre falência e os donos partem, enriquecidos com contas em paraísos fiscais e  partem para uma nova startup, num negócio totalmente diferente, para se dar dar bem mais uns 5 anos as custas dos tais investidores, ávidos pelo lucro fácil.